News

Cientistas e empresas turísticas colaboram para estudar a distribuição geográfica de cetáceos nos Açores

Download:

15/05/2018. Texto de Marta Daniela SantosNa imagem: Golfinho-roaz (Tursiops truncatus), © Marc Fernandez Morron.

Um estudo agora publicado na revista Marine Ecology Progress Series, disponível aqui, avaliou a precisão de diferentes modelos de distribuição geográfica de golfinhos, baleias e outros cetáceos dos Açores. O estudo só foi possível graças à colaboração com empresas turísticas de observação destes animais no arquipélago, que durante sete anos recolheram informações sobre os avistamentos nas suas viagens e as submeteram na plataforma MONICET. 

Os cetáceos têm um papel fundamental nos ecossistemas marinhos. Conhecer a sua distribuição geográfica e como esta varia com o tempo é muito importante para identificar áreas de preocupação para populações vulneráveis e desenvolver planos de conservação mais eficazes. No entanto ainda sabemos pouco sobre a distribuição destes animais: não só são muito móveis, respondendo com rapidez a alterações ambientais no oceano, como as campanhas dedicadas ao seu estudo são dispendiosas e limitadas no tempo.

 
Os investigadores têm obtido estimativas de distribuição a partir de modelos computacionais que extrapolam o nicho ecológico de uma espécie a partir dos dados de localização existentes e das variáveis do ambiente. Mas no caso de espécies tão móveis como os cetáceos, que vivem num ambiente tão dinâmico como o oceano, com que intervalo de tempo – dias, semanas, meses – devem as variáveis ambientais ser introduzidas no modelo de forma a que os resultados sejam o mais precisos possível?
 
“A questão em si depende muito da espécie a estudar. Por exemplo: para espécies altamente dinâmicas como a baleia de barbas é muito melhor usar dados semanais. Mas para isso precisamos de uma recolha de dados constante, um grande esforço de amostragem, que neste caso foi obtido graças à colaboração das empresas turísticas de observação de cetáceos”, explica Marc Fernandez Morron, primeiro autor do artigo e investigador do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais – cE3c e da Universidade dos Açores.
 
Este estudo só foi possível porque os investigadores puderam recorrer a dados detalhados das dez espécies de cetáceos mais avistadas no arquipélago dos Açores, entre janeiro de 2009 e dezembro de 2015. Nas suas viagens turísticas – que embora tenham um pico de afluência durante o Verão, ocorrem durante todo o ano – os operadores de observação de cetáceos anotam as espécies que observam, contam animais e registam a sua posição. Estes dados são submetidos na plataforma MONICET - uma base de dados online inaugurada em 2008 e que conta com o apoio do Governo dos Açores – acompanhados de fotografias para identificação das espécies. Todos os dados são validados por especialistas antes de serem disponibilizados online.
 
“Na atualidade o MONICET encontra-se numa fase adulta, com dez anos de funcionamento e oito empresas a colaborar. Estamos a trabalhar para que tenha uma maior autonomia, com candidaturas a novos projetos para melhorar e expandir a plataforma para outras áreas. Ao mesmo tempo estamos a trabalhar para demostrar outras potenciais utilidades dos dados recolhidos pelos nossos colaboradores que possam ser uteis não só para as próprias empresas como também para a gestão e conservação dos cetáceos”, frisa Marc Fernandez Morron.

Referência do artigo:
Fernandez M, Yesson C, Gannier A, Miler PI and Azevedo JMN (2018). A matter of timing: how temporal scale selection influences cetacean ecological niche modelling. Marine Ecology Progress Series, Vol. 595: 217–231. 
https://doi.org/10.3354/meps12551

PRESS COVERAGE:

[Wilder][Green Savers][AuriNegra][Elvas News][Notícias do Nordeste][Sul Informação][Universidade dos Açores].


Tags: IBBC

Other Articles

  • Reinventar a democracia com as pessoas nos 50 anos do 25 de Abril e no caminho para as eleições europeias

    Press releases Reinventar a democracia com as pessoas nos 50 anos do 25 de Abril e no caminho para as eleições europeias

  • Apreensão de cerca de 1000 aranhas tarântulas de diferentes espécies no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro, Brasil, em 2009. Transportadas ilegalmente por um dono de uma loja de animais britânica, as aranhas est

    Press releases Portugal na frente de combate ao comércio ilegal de espécies na União Europeia

  • Ecossistema marinho

    Press releases Investigadores preveem quais serão os principais impactos na biodiversidade oceânica, na próxima década

  • Mites

    Press releases Ganha quem chega primeiro? Não, e a coexistência é possível!

  • Goby

    Press releases Ruído de barcos afeta reprodução e o desenvolvimento de peixes