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Projeto AdaptForChange promete continuar a estimular a adaptação local às alterações climáticas

10/01/2017. Texto por Marta Daniela Santos, a convite do Gabinete de Comunicação da FCUL.

O projeto AdaptForChange - um projeto inovador em Portugal ao promover a adaptação das florestas às alterações climáticas – apresentou os seus principais resultados num seminário de encerramento que decorreu no passado dia 13 de dezembro, no Cine-Teatro Marques Duque em Mértola. Mas o projeto promete continuar a estimular a adaptação local às alterações climáticas.

Adaptar para a mudança. Este foi o lema do AdaptForChange, um projeto que teve início em abril de 2015 e que ao longo de quase dois anos contribuiu para um conhecimento profundo do estado das florestas do Alentejo. Este conhecimento culminou no desenvolvimento do Plano de Adaptação de Mértola às Alterações Climáticas, que será implementado nos próximos anos.

Grandes áreas no Alentejo têm vindo a ser reflorestadas nas últimas décadas com as espécies autóctones de azinheira e sobro, mas com uma baixa taxa de sucesso. Com este ponto de partida, o AdaptForChange analisou os resultados das campanhas de reflorestação dos últimos 40 anos para perceber que métodos permitem maiores taxas de sucesso.

Desta análise resultou um modelo (disponível para consulta aqui) que permite saber quais as áreas do Alentejo onde se deve promover a regeneração natural ou reflorestação assistida e quais as técnicas mais adequadas a cada caso. Cristina Branquinho (cE3c - Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais), coordenadora do AdaptForChange, frisa: "Os planos de pormenor são muito importantes, especialmente em zonas com topografia complexa. Não existe uma receita única para o país. Para terem uma boa relação custo-benefício, as reflorestações têm de se adaptar ao clima".

Outro dos resultados do AdaptForChange em destaque é o Plano de Adaptação de Mértola às Alterações Climáticas para o sector das florestas e agricultura, disponível aqui. Trata-se de um documento inovador em Portugal pela sua metodologia, e cujo compromisso de implementação foi assinado no seminário de encerramento pela Câmara Municipal de Mértola, pela ADPM - Associação de Defesa do Património de Mértola (parceira do projeto), pela Cooperativa Agrícola do Guadiana e pelo ICNF - Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas.

"Trata-se de um instrumento de gestão para tornar as florestas e a agricultura sustentáveis no futuro, tendo em conta os cenários de alterações climáticas e avaliando os seus impactos sobre o território", explica Cristina Branquinho. Foi desenvolvido em diálogo com agricultores, proprietários, gestores e outras partes interessadas sobre como gerir as florestas e a agricultura no futuro.

O envolvimento da comunidade não termina aqui. Foram também criados livros eletrónicos (ebooks) para divulgação dos resultados numa linguagem simples e acessível. Estarão já disponíveis para download gratuito na página do projeto livros eletrónicos sobre boas práticas para zonas semi-áridas: de Conservação do solo e da água, de Reflorestaçãoe de Alternativas à reflorestação. Estes documentos serão atualizados à medida que surjam novos dados de base científica ou de longo prazo.

Para além do cE3c e da ADPM, o consórcio do AdaptForChange envolveu também a FCSH-UNL - Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. E agora, quais as expectativas para o projeto, quando as suas atividades terminaram de forma oficial?

"Para além da continuidade que a assinatura do Plano de Adaptação contempla para os planos futuros de Mértola, o projeto também já estimulou uma candidatura ao PDR2020 [Programa de Desenvolvimento Rural] envolvendo, além de entidades de Mértola, também outras do município vizinho de Alcoutim", explica Cristina Branquinho. Serão também feitos esforços para dar continuidade e reforçar as conclusões obtidas no projeto: pretende-se alargar a área geográfica estudada até ao nível nacional e integrar dados de maior resolução espacial, e utilizar os resultados deste projeto na gestão territorial de escala regional. "As alterações climáticas estão aí e é necessário estarmos preparados para lidarmos com elas, seja por mitigação, por medidas de adaptação, mas também aprendendo com o que foi feito no passado e daí tirando lições para o futuro”, conclui a investigadora.

 

Notícia também disponível em [InfoFCUL].


Tags: eChanges CCIAM

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