_{26/11/2020. Texto adaptado do comunicado oficial do ERGA por Marta Daniela Santos e Carlos Fernandes.}

Um consórcio de investigadores de todos os países da União Europeia faz um apelo à Comissão Europeia para que invista no sequenciamento de todas as espécies de animais, plantas e microrganismos na Europa para melhor compreender, gerir e restaurar a biodiversidade e os serviços dos ecossistemas.

O consórcio de investigadores, que representa cerca de 50 instituições científicas, contactou a Comissão Europeia para requerer um maior apoio à genómica, no âmbito da Estratégia de Biodiversidade da União Europeia para 2030 no próximo programa Horizonte Europa. O grupo propõe que a União Europeia disponibilize financiamento competitivo para sequenciar e analisar os genomas de todas as espécies de animais, plantas e microrganismos na Europa – pelo menos 200 mil espécies – num esforço de colaboração de todos os países da Europa denominado Atlas Europeu de Referência do Genoma (European Reference Genome Atlas em inglês, ERGA).

A biodiversidade, o conjunto de formas de vida que vivem no nosso planeta, é fundamental para manter as funções dos ecossistemas e, portanto, é amplamente reconhecida como um ativo fundamental para muitos setores da economia global e para soluções baseadas na natureza que enfrentam os principais desafios sociais. A genómica – o estudo de todo o material genético de indivíduos – é atualmente uma disciplina omnipresente crucial para todos os campos das ciências da vida e uma ferramenta essencial na nossa resposta à mudança global e para a conservação da vida selvagem, face à crise de extinção em massa.

“Enquanto associação científica a nível Europeu, pedimos que o importante desafio social da conservação das espécies seja considerado pelo Parlamento Europeu e que seja dada elevada importância à investigação dos genomas”, explica Carlos Fernandes, investigador do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais - cE3c, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, e um dos proponentes da iniciativa. O projeto irá desenvolver um papel de liderança na investigação da genómica da biodiversidade na Europa, assumindo o cE3c uma posição central em Portugal.

“O trabalho que pretendemos desenvolver no âmbito do ERGA é importante para a conservação das espécies e biodiversidade europeia, mas também para uma gestão informada e eficaz em agricultura e pesca sustentáveis. Assim, esta iniciativa também aborda o bem-estar humano e os nossos sistemas de saúde e económicos”, acrescenta Carlos Fernandes.

Os cientistas, políticos e cidadãos interessados podem adicionar o seu nome à lista de  signatários de apoio ao ERGA em https://vertebrategenomesproject.org/erga.