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Programa Doutoral BIODIV: Entrevista com Adrià López-Baucells

8/01/2018. Entrevista por Marta Daniela Santos.

Um Programa Doutoral também é feito de histórias: as histórias dos estudantes e investigadores que para ele contribuem.

Ao longo das próximas duas semanas vamos dar a conhecer o percurso de alguns dos estudantes do Programa Doutoral em Biodiversidade, Genética e Evolução (BIODIV), que nos falam sobre a sua experiência e sobre o trabalho que estão a desenvolver no âmbito deste Programa Doutoral. E não se esqueçam, o prazo para submissão de candidaturas às 12 Bolsas de Doutoramento a concurso no âmbito do Programa Doutoral BIODIV termina a 20 de janeiro 2018!

O entrevistado de hoje é Adrià López-Baucells: estudante BIODIV desde 2014, está na recta final do seu doutoramento. Integrado no grupo de investigação cE3c “Conservation Ecology”, bem como no Museu de Ciências Naturais de Granollers, na Catalunha, Adrià López-Baucells tem focado a sua investigação nos morcegos, do ponto de vista da ecologia aplicada:

 

Qual o tema do teu projeto de doutoramento?

O principal objetivo é avaliar os efeitos da fragmentação da floresta Amazónica sobre os morcegos insetívoros aéreos através do uso da bioacústica. Nesse contexto, a investigação aprofundada da ecologia da paisagem e da sua relevância para os quirópteros [ordem de mamíferos que representa os morcegos] é tão importante como uma boa implementação de estações automáticas de deteção de ultrassom, uma tecnologia raramente utilizada nos Neotrópicos.

Assim, as várias etapas em que o meu doutoramento está organizado têm como objetivo final obter um retrato completo dos processos ecológicos que ocorrem durante a desflorestação da floresta Amazónica com relevância para a conservação dos morcegos, que permita aplicar diretrizes de conservação apropriadas e eficientes.

Porque escolheste o Programa Doutoral BIODIV?

Principalmente, o programa BIODIV ofereceu-me a oportunidade única de entrar em contato direto com o grupo de investigação em morcegos liderado pelo Professor Jorge Palmeirim, uma referência em investigação em quirópteros a nível europeu e com excelentes trabalhos nos Trópicos. Já em 2005 - quando comecei a trabalhar com morcegos na Catalunha, ao lado de investigadores do Museu de Ciências Naturais de Granollers – ouvi falar do sucesso da investigação deste grupo em Lisboa, e tive a oportunidade de ler imensos artigos de vários alunos e estudantes da universidade.

Fiquei logo interessado na possibilidade de entrar em contacto com eles e participar nos seus projetos. A oportunidade surgiu após o meu mestrado; além disso, nesse momento o Dr. Christoph Meyer também estava em Lisboa a liderar um projeto sobre fragmentação da floresta Amazónica e morcegos, no âmbito do PDBFF - Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais, o maior projeto de fragmentação a nível experimental do planeta.

Além disso o BIODIV, por ser um Programa Doutoral misto, permitia que o projeto fosse desenvolvido parcialmente em Portugal, mas também em outras instituições internacionais, favorecendo a minha mobilidade e potenciando da minha rede de contactos profissionais, um ponto essencial do sucesso na ciência. Isso foi muito bom para mim, por causa da minha tendência migratória e vontade contínua de conhecer e colaborar com cientistas de outras instituições e países.

Está a corresponder às tuas expectativas?

Infelizmente termino o meu programa de doutoramento já em 2018. Posso dizer que o Programa Doutoral BIODIV me proporcionou as melhores experiências profissionais dos últimos tempos. Deu-me quatro anos de desenvolvimento científico através dos quais aprendi novos conhecimentos e descobri intermináveis portas por abrir, dúvidas e inquietudes científicas que vão estar na origem da próxima etapa da minha carreira.

Já recomendei o programa a vários estudantes de mestrado e licenciatura, alguns dos quais são atualmente alunos BIODIV. Em paralelo, o cE3c cresceu enormemente desde o momento que eu entrei como aluno de primeiro ano, e parece-me que tem ampliado a sua oferta e estrutura interna muito positivamente.

Queres deixar alguma mensagem aos estudantes que estejam a ponderar candidatar-se ao BIODIV?

Na minha opinião, o BIODIV é um programa jovem que tem grande potencial para se converter numa referência entre os programas de doutoramento em conservação a nível ibérico e europeu. Tem várias coisas para melhoras, mas também muitas oportunidades a não perder.

A minha mensagem para futuros alunos é a seguinte: pensem muito bem no caminho que querem percorrer no âmbito científico e profissional e as consequências dessa escolha. Se estiverem motivados para trabalhar de forma constante e enfrentar as intermináveis dificuldades que vão aparecer durante quatro anos de projeto, e se tiverem uma ambição enorme de compreender mais e mais detalhes da Natureza num projeto onde vocês sejam os máximos responsáveis, o BIODIV é uma excelente escolha. Contactem professores, procurem teses (muito melhor com financiamento assegurado), explorem opções e oportunidades.


Tags: CE

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