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Dois investigadores do cE3c distinguidos na edição de 2019 do Prémio de Doutoramento em Ecologia Fundação Amadeu Dias


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18/07/2019 - atualizado a 6/08/2019 com fotografias da cerimónia de entrega de prémios. Texto de Marta Daniela Santos, adaptado do comunicado oficial da SPECO, disponível aqui.

Francisco Pina Martins e Adrià López-Baucells, investigadores do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (cE3c), foram distinguidos com o primeiro e segundo lugar respetivamente na edição de 2019 do Prémio de Doutoramento em Ecologia Fundação Amadeu Dias, organizado pela Sociedade Portuguesa de Ecologia (SPECO). O terceiro lugar coube a Inês Gomes Teixeira, investigadora do Centro de Estudos Ambientais e Marinhos - CESAM (Universidade de Aveiro).

Os três distinguidos vão receber o prémio e apresentar os seus trabalhos no 18º Encontro Nacional de Ecologia, que este ano se realiza em simultâneo com o 15º Congresso Europeu de Ecologia, que terá lugar ente 29 de julho e 2 de agosto na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Serão distinguidos com prémios monetários no valor de €3000, €2000 e €1500 atribuídos ao primeiro, segundo e terceiro lugar, respetivamente, recebendo ainda um bónus de dois anos de quotas pagas enquanto membros da SPECO.

A bioinformática e o genoma do sobreiro

No seu projeto de doutoramento, Francisco Pina Martins estudou a história evolutiva do sobreiro (Quercus suber) com base numa perspetiva que a tecnologia disponível não permitia até então, para compreender como a seleção natural atua nas populações desta espécie e molda os padrões de diversidade genética.

“Do ponto de vista biológico, nesta tese usámos dados de "High Throughput Sequencing" para tentar perceber até que ponto a seleção natural atua ao nível do genoma do sobreiro, bem como para caracterizar o seu fundo genético. Com estes dados exploramos também como poderá o sobreiro responder do ponto de vista adaptativo às alterações climáticas”, explica o investigador.

Francisco Pina Martins doutorou-se em 2018 pela Universidade de Lisboa e Universidade de Aveiro, no âmbito do Programa Doutoral em Biologia e Ecologia das Alterações Globais, com orientação de Octávio Paulo (cE3c-FCUL) e Georgios Pappas Jr (Universidade de Brasília, Brasil). 

Vários dos obstáculos técnicos que foram surgindo ao longo do seu projeto de doutoramento foram ultrapassados através do desenvolvimento de ferramentas de softwareque permitiram automatizar e acelerar o processo de análise de dados, e que atualmente são utilizadas pela comunidade científica fora do âmbito da tese. Os métodos desenvolvidos representam um importante contributo para a tomada de decisões informadas sobre gestão ecológica num mundo em rápida mudança.

Atualmente Professor Auxiliar na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Francisco Pina Martins continua a desenvolver estas linhas de investigação, integrado no grupo ‘Computational Biology and Population Genomics - CoBiG2’ do cE3c.

A bioacústica e os morcegos

Adrià López-Baucells começou a trabalhar com morcegos em 2005, com investigadores do Museu de Ciências Naturais de Granollers, na Catalunha - e foi num doutoramento partilhado entre essa instituição e o cE3c que mais tarde veio a desenvolver a investigação pela qual foi agora distinguido, continuando a focar o seu trabalho neste grupo de animais, do ponto de vista da ecologia aplicada.

Com base em ferramentas de bioacústica, no seu doutoramento Adrià López-Baucells estudou os impactos a longo prazo da fragmentação da floresta tropical - em particular, na floresta Amazónica do Brasil - nas comunidades de morcegos insetívoros da fragmentação da floresta tropical.

Adrià López-Baucells doutorou-se em 2018, no âmbito do Programa Doutoral em Biodiversidade, Genética e Evolução (BIODIV), com orientação de Jorge Palmeirim (cE3c-FCUL) e Christoph Meyer (colaborador cE3c, atualmente investigador na Universidade de Salford, Reino Unido).

Entre outras contribuições para a ciência, Adrià é primeiro autor do ‘Guia de Campo para os Morcegos da Amazónia’ (Field Guide to Amazonian Bats, que noticiámos aqui e está disponível para download gratuito), publicado em 2016.

“Para mim, este [guia] é um dos resultados mais importantes da minha tese de doutoramento. É um guia baseado em chaves de identificação previamente publicadas, modificadas com base em descrições das espécies na literatura, mas com bastante conteúdo baseado em observações pessoais. E inclui a primeira chave de identificação acústica de morcegos da Amazónia, com espectrogramas dos sons emitidos pela maior parte das espécies da região”, explica o investigador.

Atualmente como colaborador do grupo ‘Tropical and Mediterranean Biodiversity - TMB’ do cE3c, e sediado no Museu de Ciências Naturais de Granollers, Adrià López-Baucells continua a direccionar a sua investigação para o estudo da paisagem sonora (soundscape) para estudar e promover o uso sustentável da paisagem e a conservação dos morcegos a nível mundial.

O cE3c no Prémio de Doutoramento em Ecologia Fundação Amadeu Dias

Este é o terceiro ano que a Sociedade Portuguesa de Ecologia (SPECO) organiza o Prémio de Doutoramento em Ecologia Fundação Amadeu Dias - e o terceiro ano que investigadores do cE3c são distinguidos.

Francisco Pina Martins e Adrià López-Baucells juntam-se assim ao conjunto de investigadores do cE3c distinguidos com este Prémio em anos anteriores: em 2017 Ricardo Rocha (colaborador TMB-cE3c, atualmente na Universidade de Cambridge, Reino Unido) e Alice Nunes (eChanges-cE3c) foram distinguidos com o primeiro e segundo lugar; e em 2018 Paula Matos (eChanges-cE3c) e Marc Fernandez Morron (colaborador IBBC-cE3c) foram distinguidos com o primeiro e terceiro lugar, respetivamente.

O Prémio de Doutoramento em Ecologia Fundação Amadeu Dias tem por objetivo valorizar o trabalho desenvolvido por recém-doutorados ao longo do seu programa doutoral. Na edição deste ano o júri recebeu 9 candidaturas elegíveis, de doutorados com teses defendidas nas Universidades de Lisboa, Coimbra, Aveiro e Minho.

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