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Abandono de salinas tradicionais facilita degradação de comunidades vegetais e invasão por chorão-da-praia

22/03/2019. Texto de Sergio Chozas, editado por Marta Daniela Santos. Fotografia da autoria de Rosa Chefaoui.

Um novo estudo agora publicado na revista científica Applied Vegetation Science explora como o abandono das salinas está a condicionar o desenvolvimento das comunidades vegetais do Parque Natural da Ria Formosa, no Algarve.

Nos países mediterrânicos, a exploração de sal tem sido praticada ao longo dos séculos. No entanto, nas últimas décadas registou-se o abandono de grande parte das salinas tradicionais.

No estudo agora publicado, os investigadores exploraram como o abandono das salinas do Parque Natural da Ria Formosa, no Algarve, está a condicionar o desenvolvimento das comunidades vegetais da região. Os investigadores descobriram que a cobertura do chorão-da-praia (Carpobrotus edulis), espécie exótica invasora, quadruplicou na última década, verificando-se que a composição das comunidades vegetais e a cobertura do chorão-da-praia variam com o gradiente de salinidade e humidade do solo criado pelo abandono das salinas.

De forma geral, o abandono de salinas facilitou a transição de comunidades de plantas halófilas para comunidades de areias. Os resultados indicam que a manutenção das salinas tradicionais é de grande importância para a conservação das comunidades biológicas halófilas.​

Este estudo resulta da colaboração entre Rosa Chefaoui, investigadora do CCMAR – Centro de Ciências do Mar (Universidade do Algarve), e Sergio Chozas, investigador do cE3c – Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa).

Referência do artigo:

Chefaoui, R. M. and Chozas, S. (2019), Abandonment of traditional saltworks facilitates degradation of halophytic plant communities and Carpobrotus edulis invasion. Appl Veg Sci. Accepted Author Manuscript. doi:10.1111/avsc.12436

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