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Restaurar os ecossistemas para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável


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24/09/2019. Texto de Marta Daniela Santos, com base no comunicado internacional emitido pelo International Resource Panel.

O restauro de ecossistemas degradados pode dar um enorme contributo para ajudar o mundo a limitar o impacto das alterações climáticas e a alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: a conclusão é de um relatório agora publicado pelo International Resource Panel, da autoria de uma equipa internacional de dezenas de especialistas, entre os quais se encontram vários investigadores do cE3c.

Atualmente, cerca de 25% dos ecossistemas terrestres em todo o mundo encontram-se degradados. Na sequência do recente relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC na sigla em inglês), que demonstrou que as alterações climáticas estão a reduzir a capacidade dos solos de sustentarem a humanidade, o presente relatório do International Resource Panel (IRP) demonstra que o restauro ecológico traz benefícios para todos os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável acordados pelas nações mundiais como parte da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Estes resultados vêm reforçar a recente iniciativa da Assembleia Geral das Nações Unidas que declarou 2021-2030 como a Década das Nações Unidas para a Recuperação dos Ecossistemas.

O relatório, intitulado Land Restoration for Achieving the Sustainable Development Goals (disponível aqui), foi tornado público a 5 de setembro na 14ª sessão da Conferência das Partes (COP) da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação, que teve lugar em Nova Deli, Índia.

Cristina Branquinho, Ana Catarina Luz, Paula Matos, Alice Nunes e Pedro Pinho são os investigadores do cE3c (FCUL) que integram a equipa de 37 especialistas de todo o mundo que preparou este relatório, tendo contribuído para os capítulos sobre o Objetivo Sustentável 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis – e o Objetivo Sustentável 13 – Ação Climática.

“O restauro ecológico é fundamental para reverter a degradação dos ecossistemas, travar a perda de solo e de biodiversidade e garantir o bem-estar humano, através da recuperação de importantes serviços do ecossistema, não só nas áreas naturais e rurais, mas também nas áreas urbanas. As ações de restauro de ecossistemas são também uma oportunidade de excelência para a mitigação e adaptação às alterações climáticas e para aumentar a resiliência dos sistemas naturais e sociais às mudanças globais que ameaçam o planeta, promovendo o desenvolvimento sustentável”, explica Alice Nunes, uma das autoras deste relatório.

Para além de demonstrar que o restauro e reabilitação de ecossistemas traz benefícios para todos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, este relatório demonstra também que os benefícios das ações de restauro ecológico e os fornecidos pela paisagem ou ecossistema restaurados, atuam em escalas temporais diferentes. Os benefícios das ações de restauro ecológico são normalmente concretizados de forma imediata – por exemplo no combate à pobreza, através dos salários ganhos por quem desempenha esta função – enquanto que os benefícios da paisagem ou ecossistema restaurados podem levar anos ou mesmo décadas a concretizar-se – como por exemplo no combate à fome através da produção agrícola.

“Este relatório reforça ainda a importância da modelação quantitativa e qualitativa do restauro ecológico às escalas local e global, considerando diferentes cenários, e da partilha de informação e coordenação entre diferentes projectos, para orientar futuros investimentos. Uma abordagem do restauro à escala da paisagem, tendo em conta a heterogeneidade espacial no potencial para os diferentes usos do solo, e a integração do contributo das diferentes partes interessadas, são também considerados essenciais para maximizar os co-benefícios do restauro ecológico”, explica Alice Nunes.

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