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Plataformas LTSER com tendência crescente para a investigação sócio-ecológica, mas progresso é ainda desigual

19/02/2018. Texto de Marta Daniela Santos.

Embora exista uma tendência crescente para a investigação sócio-ecológica nas plataformas LTSER, o seu progresso é desigual e fortemente influenciado pelas restrições e características locais. Esta é a conclusão de um estudo recentemente publicado na revista Science of the Total Environment, que analisou cerca de 5000 publicações de 25 plataformas LTSER, e no qual participa Margarida Santos-Reis, investigadora do cE3c.

Embora atualmente as plataformas LTSER (Investigação Sócio-Ecológica de Longo Prazo, em português) englobem as preocupações sociais na investigação que desenvolvem, não foi assim desde a sua origem.

Tudo teve início com a primeira plataforma LTER (Investigação Ecológica de Longo Prazo, em português), fundada em 1980 nos Estados Unidos, na altura com o objetivo de criar uma rede para desenvolver monitorização de longo prazo de indicadores ambientais. Já em 1993 foi criada a ILTER – rede internacional de plataformas LTER – cujos objetivos eram ainda fortemente influenciados pela rede fundadora dos Estados Unidos. Só mais tarde, ao longo das duas décadas seguintes, é que estas plataformas se foram comprometendo cada vez mais com o objetivo de integrar a dimensão social na sua investigação.

O estudo agora publicado é o primeiro a avaliar de forma detalhada e abrangente se as publicações científicas produzidas pelas plataformas LTSER estão alinhadas com os objetivos de investigação sócio-ecológica.

Os autores deste estudo – no qual participa Margarida Santos-Reis, investigadora do grupo Conservation Ecology – CE do cE3c – começaram por lançar um convite à rede internacional de plataformas LTER. Responderam 25 plataformas – entre as quais duas portuguesas, LTsER-Montado e LTER Baixo Sabor.

Das 4983 publicações de acesso público analisadas, produzidas por estas plataformas, 1112 foram consideradas relevantes para os seus objetivos de investigação sócio-ecológica. As publicações foram em seguida analisadas à luz de um questionário de 22 questões, em que se considerava o tipo e escala do estudo, a metodologia utilizada e o envolvimento (ou não) de stakeholders, entre outros aspectos.

Os resultados revelam que, embora exista uma tendência crescente para a investigação sócio-ecológica nas plataformas LTSER, o seu progresso é desigual e fortemente influenciado pelas restrições e características locais. Os artigos científicos compõem a maioria das publicações analisadas – 71% -, registando-se um aumento significativo do número de publicações das plataformas LTSER desde 2006. Recorde-se também que o facto de apenas pouco mais de mil publicações terem sido consideradas relevantes para este estudo, entre as cerca de 5000 inicialmente analisadas, justifica-se pelo facto de as plataformas LTSER estarem quase sempre sobrepostas a um ou mais locais LTER, o que permite justificar o facto de a maioria das publicações produzidas não ter uma componente social.

Os investigadores verificaram ainda que os autores das publicações analisadas raramente assinalavam o facto de o trabalho publicado ter sido realizado numa plataforma: de uma forma geral, 74% das publicações não o mencionava, embora a estatística diferisse muito de plataforma para plataforma. Uma das possíveis justificações para este facto apontada pelos autores do estudo é a adoção recente do quadro sócio-ecológico.

O atual estudo evidencia o delicado equilíbrio que marca a gestão da rede internacional de plataformas LTSER: um equilíbrio entre os objetivos comuns e globais de investigação, e as características locais que necessariamente marcam a evolução de cada plataforma.

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