12/05/2017. Texto por Marta Daniela Santos. Na fotografia: Parque do Alambre, Azeitão. Fotografia por Teresa Dias.
O alerta é uma equipa europeia de investigadores da qual fazem parte vários investigadores cE3c, que refere ser urgente estabelecer redes de monitorização mais robustas e de larga escala nesta região. As consequências das alterações climáticas e da poluição atmosférica não podem ser dissociadas, já que interagem entre si agravando-se mutuamente. Os investigadores frisam a necessidade de estudos mais aprofundados e uma abordagem conjunta nas políticas de preservação ambiental.
Uma equipa de mais de trinta investigadores europeus alerta que a Bacia do Mediterrâneo, uma das regiões com maior biodiversidade do mundo, está em risco por ser também uma das mais vulneráveis à poluição atmosférica e às alterações climáticas. O alerta surge na sequência de um trabalho de revisão de vários resultados obtidos em Portugal, França, Itália e Espanha, para identificar os impactos atuais e potenciais da poluição atmosférica, alterações climáticas e as suas interações em ecossistemas naturais e semi-naturais.
"As consequências da poluição e das alterações climáticas não podem ser dissociadas, mas esta interação ainda não é tida em conta no desenvolvimento de novas políticas de preservação ambiental.", explica Silvana Munzi, co-primeira autora do estudo e investigadora do cE3c - Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais. "A poluição atmosférica na Bacia do Mediterrâneo ocorre sobretudo na forma de partículas, deposição de azoto e ozono troposférico, que têm origem em atividades industriais, construção, emissões de veículos e práticas agrícolas. No contexto Europeu, esta poluição é exacerbada pelas secas mais frequentes e pela estabilidade típica de massas de ar na região, com consequências importantes para a saúde humana e para os ecossistemas. Infelizmente, os efeitos desta interação sobre a estrutura e função dos ecossistemas Mediterrânicos ainda não foram adequadamente quantificados e, portanto, as suas consequências são mal compreendidas".
O alerta parte do CAPERmed (Comité para Investigação sobre os Efeitos da Poluição Atmosférica sobre os Ecossistemas Mediterrânicos). Trata-se de um grupo de trabalho de especialistas em ecossistemas mediterrânicos que se reuniu pela primeira vez em 2014 na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Desde então, tem trabalhado com o objetivo de criar uma plataforma de trabalho comum para coordenar estudos sobre a poluição do ar e as suas interações com as alterações climáticas na Bacia Mediterrânica.
Embora existam vários grupos de investigação a dedicar-se ao estudo dos ecossistemas mediterrânicos, a investigação é dificultada pela baixa resolução espacial dos dados de emissões nesta região, em comparação com outras partes da Europa.
"É evidente a urgência de implementar plataformas experimentais comuns e redes de investigação coordenadas na Região do Mediterrâneo, juntamente com redes de monitorização ambiental mais amplas e mais representativas. Pretendemos que o CAPERmed seja um catalisador para que isto aconteça, reunindo a comunidade científica focada em ecossistemas do Mediterrâneo neste esforço", conclui Silvana Munzi.
Press coverage: [Diário de Notícias], [Jornal Económico], [AuriNegra], [Penacova Actual], [Blue Oak], [Jornal de Monchique], [InfoFCUL].
Referência do artigo:
Ochoa-Hueso R., Munzi S., Alonso R., Arróniz-Crespo M., Avila A., Bermejo V., Bobbink R., Branquinho C., Concostrina-Zubiri L., Cruz C., Cruz de Carvalho R., De Marco A., Dias T., Elustondo D., Elvira S., Estébanez B., Fusaro L., Gerosa G., Izquieta-Rojano S., Lo Cascio M., Marzuoli R., Matos P., Mereu S., Merino J., Morillas L., Nunes A., Paoletti E., Paoli L., Pinho P., Rogers I.B., Santos A., Sicard P., Stevens C.J., Theobald M.R., 2017. Ecological impacts of atmospheric pollution and interactions with climate change in terrestrial ecosystems of the Mediterranean Basin: Current research and future directions. Environmental Pollution 227:194–206.
https://doi.org/10.1016/j.envpol.2017.04.062
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