24/01/2017. Texto por Marta Daniela Santos. Na fotografia: Neodiprion lecontei, © Catherine Linnen.
Um estudo agora publicado, do qual o investigador cE3c Vítor Sousa é um dos autores, demonstra que a divergência de populações de insetos da espécie Neodiprion lecontei, nos Estados Unidos, é determinada não só pela planta onde vivem (espécies de pinheiro) mas também por eventos históricos ocorridos no Pleistoceno. Este estudo representa mais uma contribuição para compreender como é que as populações de insetos divergem e se adaptam a novos ambientes.
A espécie Neodiprion lecontei é considerada uma peste de pinheiros nos Estados Unidos, utilizando como hospedeiras várias espécies de pinheiro ao longo da extensão geográfica em que se encontra (Leste da América do Norte).
Através da análise de dados genómicos de 88 indivíduos desta espécie, recolhidos em diversos locais distribuídos ao longo desta extensão geográfica, os investigadores concluíram que as populações N. lecontei que vivem numa mesma espécie de pinheiro são geneticamente mais semelhantes do que aquelas que vivem em espécies de pinheiros diferentes.
Os investigadores identificaram três populações geneticamente distintas, cada uma correspondendo a uma diferente localização geográfica (Norte, Centro e Sul dos Estados Unidos). Em cada uma destas localizações se encontram conjuntos distintos de espécies de pinheiros. Estas populações de N. lecontei geneticamente distintas terão divergido nos últimos 20 a 50 mil anos, e para esta divergência terá contribuído a forma como a distribuição geográfica das várias espécies de pinheiro evoluiu no Pleistoceno.
Vítor Sousa, investigador cE3c e um dos autores do estudo, explica: “Estes resultados indicam-nos que a espécie de pinheiro hospedeira tem um efeito na conectividade das populações de N. lecontei. Há uma redução na conectividade – ou seja, no fluxo genético – de populações que vivem em hospedeiros diferentes. Este é um primeiro passo para perceber e caracterizar a diversidade genética nesta espécie”.
Os investigadores vão agora tentar perceber que genes estão envolvidos na adaptação aos diferentes pinheiros, e que mecanismos reduzem a conectividade das populações que vivem em hospedeiros diferentes.
“Este trabalho permite-nos responder a questões fundamentais em Biologia, como perceber melhor como é que novas espécies se formam. Mas também nos permite estudar como é que podemos controlar a infeção dos pinheiros por estas pestes”, conclui Vítor Sousa.
Bagley, R.K., Sousa, V.C., Niemiller, M.L. & Linnen, C.R. (2016) History, geography, and host use shape genome-wide patterns of genetic variation in the redheaded pine sawfly (Neodiprion lecontei). Molecular Ecology. https://doi.org/10.1111/mec.13972
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