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As florestas de Madagáscar estão em risco, mas as áreas protegidas da ilha demonstram estar a fazer a diferença


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15/10/2016. Texto por Marta Daniela Santos, com base em comunicado de imprensa.

Um estudo agora publicado na revista Biological Conservation, da autoria de uma equipa internacional de investigadores entre os quais se inclui o investigador cE3c Ricardo Rocha, demonstra que as áreas protegidas de Madagáscar estão a ser eficazes no combate à desflorestação, contribuindo de forma significativa para a conservação da biodiversidade única da ilha.

As florestas tropicais estão a desaparecer a uma taxa sem precedentes, e este desaparecimento tem implicações importantes para a biodiversidade e para a mitigação das alterações climáticas. As áreas protegidas são uma das principais ferramentas para evitar a desflorestação, mas nem sempre são eficazes. A ilha de Madagáscar tem sido uma das regiões mais afetada pela perda de habitat, registando uma das mais elevadas taxas de desflorestação a nível global.

O estudo agora publicado demonstra que apesar da extração ilegal de madeira em vários parques nacionais, as áreas protegidas de Madagáscar são, de uma forma geral, eficazes na redução da desflorestação no interior das suas fronteiras.

A equipa, liderada por Johanna Eklund do Metapopulation Research Centre (Univ.de Helsínquia) estudou a eficácia da rede de áreas protegidas de Madagáscar na redução da pressão de desflorestação para dois períodos distintos (1990-2000 e 2000-2010) e para os três principais tipos coberto florestal na ilha. Os resultados demonstraram que a eficácia das áreas protegidas foi distinta nos diferentes tipos de floresta e nos dois períodos de tempo considerados. Estes resultados destacam a natureza dinâmica da eficácia das áreas protegidas, resultados estes que dependem não só da gestão destas mesmas áreas, mas também das alterações na pressão de deflorestação nas zonas de floresta circundantes. “O estudo destaca a tendência alarmante que acontece quando níveis elevados de floresta são perdidos em áreas de fácil acesso, levando a um aumento de pressão de desflorestação em zonas mais remotas, onde as áreas protegidas são geralmente estabelecidas", diz Johanna.

Há uma necessidade de abordar as causas de deflorestação de uma forma holística, incorporando preocupações económicas e sócio-políticas. Mas a equipa de investigadores tem também boas notícias no que toca à conservação: "Um esforço contínuo e um apoio à rede de áreas protegidas já existentes é importante. Estes factores demonstraram ser eficazes, apesar das elevadas pressões de deflorestação. No entanto, ocorre ainda alguma deflorestação considerável dentro de algumas áreas protegidas e a sua gestão pode ainda ser melhorada", conclui Johanna Eklund.

Fotografias da autoria de Ricardo Rocha.

 

Eklund, J., Blanchet, G., Nyman, J., Rocha, R., Virtanen, T., and Cabeza, M. 2016. Contrasting spatial and temporal trends of protected area effectiveness in mitigating deforestation in Madagascar. Biological Conservation. http://dx.doi.org/10.1016/j.biocon.2016.09.033

http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0006320716305092


Tags: CE

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