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PhD Merit Award 2019: Entrevista a Cristina Antunes

28/08/2019. Entrevista por Marta Daniela Santos.

Encerramos este conjunto de entrevistas com Cristina Antunes (ESFE-cE3c), distinguida com o PhD Merit Award na edição de 2019 do Encontro Anual do cE3c (1-2 julho, MUHNAC) - uma distinção que pretende assinalar o mérito do trabalho realizado no último ano por investigadores que concluíram recentemente o seu doutoramento no centro.

Cristina Antunes desenvolveu o seu doutoramento num trabalho colaborativo entre a UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas (Brasil) e o cE3c, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, com Simone Vieira (UNICAMP) e Cristina Máguas (cE3c-FCUL) como orientadoras.

É atualmente investigadora de pós-doutoramento no grupo ‘Environmental Stress & Functional Ecology - ESFE’ do cE3c-FCUL, continuando a desenvolver investigação nas áreas de eco-hidrologia e ecologia vegetal – em particular, com o objetivo de estudar as sensibilidades das comunidades costeiras face à diminuição de recursos hídricos subterrâneos.

 

Que projeto desenvolveste ao longo do teu doutoramento?

O meu projecto estava relacionado com o estudo da vulnerabilidade de florestas costeiras à diminuição de recursos hídricos. Estudei as estratégias de uso da água e desempenho fisiológico da vegetação em ecossistemas dunares tropicais e mediterrânicos, e avaliei a sua resposta a variações temporais e espaciais da água subterrânea. Com este estudo, revelámos que o rebaixamento do nível freático, embora influencie a profundidade da tomada de água em vários contextos climáticos, tem maior impacto em condições semi-áridas, onde encontrámos maior variabilidade no uso de fontes de água e maiores alterações fisiológicas com o aumento da escassez de recursos hídricos.

O teu doutoramento foi repartido entre Portugal e o Brasil - o que destacas de mais positivo nesta experiência?

O meu doutoramento foi uma aventura transatlântica que envolveu várias instituições – não só portuguesas e brasileiras como também de Espanha e dos Estados Unidos – e que me deu a oportunidade de colaborar com pessoas inspiradoras de várias áreas, e com as quais aprendi muito. Pude ainda percorrer e estudar lugares fantásticos como a floresta de Restinga da Mata Atlântica e a Reserva Biológica de Doñana.

Após o doutoramento, continuaste na mesma linha de investigação?  

Sim, actualmente desenvolvo trabalho em eco-hidrologia e ecologia vegetal como investigadora pós-doc no cE3c.

Que trabalho estás a desenvolver agora, como investigadora de pós-doutoramento?

Para além de colaborar em vários projectos do meu grupo, estou dedicada a compreender melhor as sensibilidades das comunidades costeiras à diminuição de recursos hídricos subterrâneos. Algum caminho foi percorrido mas ainda não sabemos o suficiente sobre o impacto global que estas mudanças hídricas, perturbações não só ligadas ao clima mas onde o Homem tem um papel importante, têm e poderão ter num futuro próximo. Desenvolver novas abordagens multi-escala e interdisciplinares para estimar as respostas da vegetação e de ecossistemas costeiros, e assinalar a sua susceptibilidade a mudanças hidrológicas específicas é um enorme desafio, mas necessário.

Porque escolheste esta área de investigação?

Desde que iniciei o meu percurso pelos caminhos da Ciência que achei fascinante a ecologia vegetal, e as abordagens ecofisiológicas despertaram a minha curiosidade. Deparei-me com o quão incríveis as plantas são, mas também com o quão vulneráveis podem ser. Interesso-me por questões relacionadas com o impacto que pressões ambientais, como as variações hídricas, podem ter nas plantas e motiva-me passar pelas várias fases de um estudo, desde a pergunta à amostragem de campo, laboratório, análise de dados e divulgação.

O que significa para ti receber esta distinção?  

Para mim é o reconhecimento de um trabalho conjunto, que resultou no desenvolvimento de várias ideias e culminou na descoberta de várias respostas interessantes. Este prémio fortalece a minha motivação, mas a distinção não é só minha mas de todos os que, das mais variadas formas, e com muita amizade à mistura, fizeram parte deste projecto de doutoramento.


Completa a frase: Para mim, fazer parte do cE3c significa...

fazer parte de uma grande família científica, que me permite desenvolver uma investigação colaborativa e inovadora, e que, reforçando o prazer que tenho pelo que faço, me relembra da importância do estudo da Ecologia e nos possibilita avançar no conhecimento.

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